A mastite é uma inflamação da mama frequentemente associada a febre, dor na mama, dor muscular e vermelhidão.
Muitas vezes, a febre pode ser mascarada por medicações de alívio para dor, principalmente quando a mulher está fazendo uso contínuo da medicação.
Acomete mulheres principalmente nos dois primeiros meses de amamentação, mas pode ocorrer em qualquer período. É importante ressaltar que nem sempre a mastite é causada por uma infecção. Geralmente o quadro é resultado de má drenagem do leite ou está associada a um trauma (ferimento) do mamilo.
Nos casos em que os sintomas de mastite persistem por mais de 12 a 24 horas, a condição infecciosa pode se desenvolver, já que o leite materno possui bactérias naturais. Quando a infecção bacteriana está presente o quadro pode ser acompanhado de mal estar, febre alta (temperatura acima de 38,5), calafrios e dor no corpo.
Incidência da mastite lactacional
A mastite ocorre entre 2 e 10% das mulheres que amamentam. Na maioria das vezes, a necessidade de hospitalização é baixa. Somente 9 mulheres a cada 10 mil nascimentos necessitam de hospitalização por conta dessa condição.
No entanto, é preciso considerar que o risco de mastite em mulheres que já possuem histórico da condição é maior do que naquelas que nunca passaram pelo problema.
Causas da mastite lactacional
São condições de saúde que estão relacionadas a mastite:
- Drenagem de leite reduzida (mamadas com horários fixos, diminuição súbita no padrão das mamadas, uso de bicos artificiais, sucção fraca do bebê);
- Quando há bloqueio parcial do ducto de leite;
- Excesso de produção de leite;
- Quando existem escoriações ou rachaduras nos mamilos;
- Desmame abrupto;
- Estresse materno ou fadiga excessiva;
- Quando ocorre desnutrição materna.
Nesses casos, é comum ocorrer o crescimento de micro-organismos no leite estagnado, resultando na mastite infecciosa.
Essa infecção precisa ser identificada e tratada imediatamente para não progredir para um abscesso local.
Fatores de risco
Entre os fatores de risco para a mastite lactacional estão:
- Uso de cremes nos mamilos;
- Histórico de mastite prévia;
- Má drenagem do leite;
- Rachaduras ou ferimentos nos mamilos;
- Uso de bombas de drenagem de leite.
A melhor maneira de minimizar o risco de desenvolver a mastite lactacional é o esvaziamento frequente e completo da mama através da amamentação em livre demanda.
Manifestações clínicas
Como dito anteriormente, a suspeita diagnóstica se dá a partir da observação de mama com vermelhidão, inchaço, dor na região e febre na mulher que amamenta.
Entre as queixas mais comuns estão também o mal-estar e os calafrios, sintomas que são parecidos com os da gripe.
Quando a alteração está em fase inicial os sintomas podem ser sutis, apresentando poucos sinais clínicos. No entanto, quando a infecção está em fase avançada o inchaço da mama é perceptível e também pode ocorrer um inchaço na axila.
Diagnóstico
O diagnóstico da mastite é baseado nas manifestações clínicas, não sendo necessário geralmente realizar exames laboratoriais.
A cultura do leite materno só é solicitada quando há infecções graves, com necessidade de hospitalização ou naquelas que não responderam a antibioticoterapia empírica.
Outro exame que pode ser solicitado para o diagnóstico é o ultrassom. Geralmente é solicitado nos casos em que o organismo da mulher não responde ao tratamento com antibióticos dentro de 48 a 72 horas iniciais de tratamento e há suspeita de abscesso.
A mastite pode inclusive progredir para um abscesso se não for tratada imediatamente. Quando há uma área endurecida (semelhante a um nódulo), sensível há uma forte sugestão de abscesso. Sendo preciso realizar a ultrassonografia para diferenciar e diagnosticar adequadamente.
Quando há formação de um abscesso, pode haver necessidade de punção ou drenagem cirúrgica.
Câncer de mama inflamatório
A suspeita de um câncer de mama inflamatório deve ser levada em consideração se a mastite não for solucionada com o tratamento habitual com antibióticos.
O câncer de mama inflamatório pode ser confundido com mastite pois muitas de suas manifestações clínicas se assemelham com a da mastite, exceto por apresentar espessamento da pele e aparência em “casca de laranja”.
Além disso, o problema comumente está associado ao aumento de linfonodos na axila. Pode ser necessária uma biópsia para esclarecimento diagnóstico.
Tratamento da mastite lactacional
O uso de antibióticos trata a infecção quando presente mas não trata o que levou ao aparecimento dela, ou seja, algum fator que prejudicou o esvaziamento da mama ou trauma nos mamilos. Então há necessidade de atingir esses problemas que desencadearam a mastite.
O médico pode recomendar o uso de analgésicos ou antiinflamatórios compatíveis com a amamentação para alívio dos sintomas.
Nos casos em que a paciente não responde ao tratamento é indicada uma reavaliação para verificar se o diagnóstico foi preciso e definir outro tratamento para combater o processo visando evitar a progressão para um abscesso.
É possível prevenir?
As maneiras possíveis de prevenir são:
- Uso de probióticos no final da gestação para mulheres com história de mastite em amamentações anteriores (o uso ainda é controverso). Há estudos que mostram redução do risco de mastite;
- Corrigir a técnica ao amamentar;
- Amamentar em livre demanda;
- Repousar sempre que possível;
- Evitar bicos artificiais (chupetas, mamadeiras).
Recorrência
É incomum que a mulher apresente recorrência da mastite durante o período de amamentação.
Se ocorre, pode ser que seja resultado do uso inadequado do antibiótico ou que infecção seja causada por bactéria resistente a determinado antibiótico ou ainda por haver uma falha na técnica para amamentar.
Geralmente o tratamento com antibiótico tem efeito satisfatório e a mulher pode amamentar durante e após o tratamento de forma normal.
Em resumo
Se você está amamentando e apresentar um dos seguintes sintomas, procure um serviço de saúde:
- Área avermelhada, endurecida ou flexível na mama;
- Febre;
- Dor muscular, calafrios, mal estar ou sintomas semelhantes ao de uma gripe.
Caso haja sinais de infecção, seu médico provavelmente prescreverá antibióticos. Se isso ocorrer, tome exatamente conforme orientado.
Se você não notar melhora em 2 ou 3 dias após o início do antibiótico, entre em contato com seu médico pois pode haver outro problema ou necessitar de trocar a medicação.
Continue amamentando e fique atenta se a técnica ao amamentar está correta! Em caso de dúvidas, pode acionar uma consultora de amamentação.
Use a medicação para alívio da dor conforme orientado pelo seu médico.
É importante ressaltar que compressas quentes ou frias devem ser usadas somente conforme orientação.