Há um ano eu me encontrei comigo mesma, com um lado meu que até então eu desconhecia, mas que foi bom de conhecer. A gente tem um lado selvagem que aflora quando precisamos dele, é instintivo. A gente é bicho e esquece disso o tempo todo.

Há um ano eu pari. Sem indução, sem analgesia, sem hora marcada. As coisas fluíram naturalmente, o meu corpo sabia exatamente o que fazer para que o Benjamin viesse ao mundo.

Nós dois, juntos, mas amparados e assistidos pelo Dan e por uma equipe maravilhosa, conseguimos. Eu sabia parir e ele soube nascer. A tranquilidade da minha obstetra, Dra. Lívia, foi fundamental para que eu me sentisse segura, não só na hora do parto, mas em todo o pré-natal.

Foram 19h de trabalho de parto, a maior parte delas em casa, de madrugada, só eu, o Dan e o nosso cachorro, o Nestor. Benjoca nasceu no hospital por uma escolha nossa, não estávamos seguros com um parto domiciliar.

A dor foi imensa, não consigo nem explicar… só sei que foi importante pra mim passar por tudo isso sem estar anestesiada. E pra aguentar a dor, me conectei comigo mesma, com a minha mãe, minhas avós, bisavós e tantas outras mulheres fortes da minha ancestralidade.

Assim que o Benja nasceu, ele veio pro meu colo e lá ficou. Nós dois pelados, pele com pele. E mesmo sem entender muito o que eu sentia, não queria que ele saísse dali.

Nesses primeiros dias a nossa cabeça fica bem confusa, é tanta novidade, tanta mudança que é difícil lidar com tudo isso. Eu li muito e nunca acreditei em maternidade de novela, sempre tive uma visão bem real do que podia ser, mas a teoria não chega nem perto do que é a prática. Eu não me reconhecia, não sabia mais quem eu era.

Aos poucos, fomos nos conhecendo (e eu me [re]conhecendo), o amor foi crescendo e a cada dia é maior. É a convivência e o dia a dia que faz esse amor aumentar, que alimenta a nossa relação.

Quanta transformação! A vida muda tanto depois de um filho, mas a gente muda mais. As vezes dá saudade de quem eu era, mas com certeza eu tô bem melhor agora.